Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

23 maio 2002

Em estado de choque. Assim defino como ficou a platéia do Chivas Jazz durante e depois do show de abertura, a cargo de Jean Michel Pilc, pianista francês(!) que com seu trio, só faltou fazer chover dentro do recinto. Fora, já chovia.

Como uma tempestade, Pilc iniciou sua apresentação de forma vigorosa, ganhando a imediata cumplicidade da platéia pela forma inusitada do fraseado com que circundou o tema "So What" que Miles Davis compôs e consagrou. A menos de um minuto de execução, Pilc parou a música gritando "non, non, non" aos fotógrafos que começavam a fazer seu trabalho. Explicando ao microfone que sua integração aos músicos era, de forma importante para sua arte, também através do contato visual, Pilc pediu a retirada dos fotógrafos declarando-se tímido, e que as máquinas e flashes perturbariam sua atenção. Foi aplaudido pela platéia composta quase que exclusivamente de grandes amantes de jazz -havia pouquíssimos outsiders- por sua maneira humilde e franca de explicar a situação. Ato contínuo, voltou ao piano e com um meneio de cabeça feito ao seu baterista, de um só golpe e exatamente no mesmo lugar de onde tinha parado, retomou o tema numa velocidade vertiginosa e com sua técnica soberba deixou todos que não o conheciam (a maioria, acho) estupefatos e boquiabertos. Isso, na primeira música.

As execuções de Pilc foram acompanhadas milimetricamente por seu baterista, o qual, de fato, não tirava o olho de Pilc. Defino-o como um "furacão engarrafado" pois, dotado de impressionantes rapidez e vitalidade, não fez um barulho sequer além do necessário para enfatizar as passagens fulminantes de Pilc. Munido de vassourinhas de aço manejadas num misto de delicadeza de toque e velocidade espantosa, o americano da Philadelphia Ariel (Ari) Hoenig encantou a todos com sua imensa força contida, a qual despejava em ataques fulminantes, de um rigor técnico impecável. Tudo isso numa bateria com apenas 4 caixas e dois pratos (além do contratempo). A disposição da bateria bem na frente do palco, em linha com Pilc, prenunciava um mestre. E assim foi.

O baixista do grupo, o francês Thomas Bramerie, que ora substitui François Moutin, baixista do trio "cativo" de Pilc, apoiou a dupla sem brilho particular, talvez devido à excelência de Pilc e de Hoenig. Cumpriu sua difícil tarefa dignamente, sem comprometer ou se destacar um só momento. Por várias vezes imaginei alguns substitutos para ele, naquela hora. Desfilei uns 10 nomes talvez, tentanto adequar o som monstruoso que ouvia a um baixista com mais personalidade. Senti uma imensa saudade do nosso Nico Assunção, cuja vivacidade e técnica encaixar-se-iam precisamente à dos dois gênios da noite.

Há muito tempo não ficava tão impressionado com uma performance. Foi uma grande e prazerosa avalanche sonora.
Nota: máxima
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Quanto à apresentação de Chico Freeman e a banda Guataca, começou como um espetáculo deplorável de seis sujeitos fazendo um ritmo alatinado barulhento, onde o saxofonista passou mais tempo tocando reco-reco do que sax. A despeito da presença de Hilton Ruiz, pianista conceituado, saímos na segunda música. Nota: sem conceito.

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